domingo, 20 de janeiro de 2008

No final de tudo

Gosto muito, admiro até, as palavras de Paulo, ao escrever ao jovem Timóteo (2 Tm 4:7), quando diz: combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.

Estas palavras, desde o primeiro contato com elas, sempre me foram inspiradoras. Elas me fazem sentir motivado com a vida no geral, sentir satisfação por cada dia vivido e amar, acima de tudo, o único e soberano Deus. Tais palavras me servem de parâmetro para viver cada dia de forma que seja melhor que o anterior. Melhor no sentido profissional, religiosamente, melhor como marido, filho, irmão e amigo, como cidadão. Além de soar de forma poética, as palavras de São Paulo me inspiram a pensar no último instante de vida que terei, no último ar, no último adeus, na última despedida do mundo para comigo.

Quanta besteira  a gente já não fez até hoje, não é? E quantas mais faremos? É inevitável, não tem como não errar. Somos incapazes de fazer tudo certo. Isso não é consolo para viver errando, mas temos que ter a ciência de que não somos tão perfeitos. Mas, as palavras de Paulo me servem para mirar lá, bem longe, num futuro que, creio, está muito distante. Naquele dia onde muitos estarão chorando, espero que de saudade, pela minha partida. Não veja este artigo de hoje como algo mórbido, mas o tenha como instrumento de reflexão.

Eu tenho um desejo, que agora se torna mais externo ainda, que é o fato de no dia da minha despedida, as pessoas possam dizer "este era um homem de Deus". Eu quero que as pessoas ao chorarem possam também se lembrar das contribuições que eu fiz para suas vidas, sejam elas quem forem. Não quero que meu velório seja triste, mas quero que seja muito alegre, e que quando eu for lembrado por cada um que rodeou minha vida, possa ter tido a satisfação de ter sido, pelo menos, conhecido meu. Eu sei que para tudo isto aconteça ,eu terei que trabalhar muito pelos dias que se seguem, terei que ser educado, bondoso, bom marido e pai, filho exemplar, bom amigo, excelente profissional e, principalmente, verdadeiramente amar a Deus. Tenho muito o que aprender. E Paulo me inspira em suas palavras.

Talvez Paulo tenha pensado como eu penso. Contudo, suas palavras revelam plena satisfação do ministério que lhe fora dado por Deus, o de propagar a Sua palavra por todo o mundo. Ele passou por provações cruéis. Prisões, perseguições, chicoteadas. E ainda assim foi bom. A sensação quando ele escreveu estas palavras é de que não havia mais nada para se fazer, porque a sua carreira estava realmente completa. O momento era de guardar a fé e esperar a sua partida. A sua sentença por parte de Deus.

Podemos pensar de como será no final de tudo, mas nossas ações de hoje é que nos direcionarão para esse final. Você quer pessoas te amando? Ame-as. Você quer pessoas com saudades de você? Ame-as. Você quer um mundo melhor? Ame-o. Nós precisamos amar mais e mais, como disse o poeta: amar as pessoas como se não houvesse amanhã.

O evento mais importante que o nascimento ou a morte é o intervalo entre ambos. Viva-o intensamente.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Um toque de amor

Conta Mateus, em seu livro no capítulo 8, que um homem leproso se aproxima de Cristo e O adora. Em seguida a sua adoração clama que se Jesus quisesse poderia curá-lo. E Jesus quis! Mas o mais fascinante de toda a história não está na cura, e sim na atitude tanto de Cristo quanto do leproso.

Como todos sabemos que assim como alguns grupos da sociedade, entre eles as mulheres, os leprosos também eram desprezados pelos judeus. Talvez este num grau com seqüelas muito maiores do que a dos outros. Havia no território israelense seis cidades especiais, as quais eram chamadas cidades de refúgio. Estas cidades eram sitiadas por aquelas pessoas incapazes de viver na sociedade, dentre eles os leprosos. Eles estavam separados dos demais judeus. Totalmente separados, uns por algum tempo, mas outros por toda a vida. Você pode imaginar isto? Imaginar até pode ser possível, mas viver isto, você pode?

Vinha Jesus de mais um dos seus sermões, exatamente daquele declarado Sermão do Monte, onde Mateus usa três capítulos para expor as palavras do Mestre, quando ao seu encontro vem um homem. Não um homem qualquer, mas um desfigurado socialmente. Um repugnante, um asqueroso, um fedorento maltrapilho, um nojento, ou como gritavam os judeus, um imundo. A sua expressão deveria ser totalmente horrível, indigna de continuar vivendo. Porque além daquela maldita hanseníase perturbar aquele corpo, deveria incomodar muita gente. Por onde passava causava horror, certamente. E por isso o leproso deveria viver numa cidade de refúgio.

Este homem se achega a Jesus em atitude de disposição, de humilhação, reconhecendo a sua posição. Após adorá-lo, ele diz: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. Ele sabia com quem estava falando, e o reconheceu como Senhor, e não como um judeu qualquer. Não bastava mais nada além de declarar que Jesus era o Senhor, pois a sua atitude inicial demonstrou este reconhecimento, porque ele O adorou. Mas ele prossegue clamando que se Cristo quisesse, ele poderia ficar curado. Assim como Davi, quando reconhecendo o seu pecado ao cobiçar Bate-Seba, pediu ao Senhor para que o purificasse (Sl 51:7), “purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me e ficarei mais alvo que a neve”, o leproso também desejou ser purificado.

E Jesus não somente quis, como também o tocou. E isto, certamente, fez grande diferença na vida daquele, que para nosso Senhor era um homem como qualquer outro judeu. O homem não somente recebeu de Jesus o milagre da cura, como também o dom do amor. Foi através do toque de Deus, através de Cristo, que aquele homem ficou curado de sua doença. Aquele que outrora era um imundo, agora estava limpo. E poderia voltar a uma vida socialmente aceitável perante toda a nação.

Esta é só mais uma demonstração do que a nós representa o ministério de Jesus nos dias atuais. Certamente, aquele homem não estava enfermo somente em sua carne, mas em seu espírito. Ele era descriminado pela sociedade, e até mesmo impedido de estar no seio de sua família. Imaginemos que este homem sendo casado, não poderia abraçar a sua esposa. Sentir o seu calor nas noites frias, nem mesmo o acalanto nos momentos de dor. Nem mesmo poder abraçar sua filha para pronunciar o amor de pai. Nem mesmo se achegar perto do seu pai para pedir conselhos, nem mesmo tomar aquela tão deliciosa sopa de lentilhas que sua mãe preparava. Mais do que um leproso, ele fora um descriminado por homens iguais a ele. Diante de Deus todos eram iguais. Diante dos homens, ele era um leproso. E por isso ele era tratado como escória na sociedade, e a cidade de refúgio era o seu único lugar. Nem mesmo sua esposa e filha podiam chegar perto dele, pois estariam sujeitas a adquirir a maldita doença.

Mas um dia, em Cristo, aquele leproso rejeitado teve a esperança de estar em meio aos seus entes familiares, nas rodas de amigos, andando livremente pelas praças e ir ao templo oferecer ofertas ao Senhor. Ele, através do toque de Deus, estava curado, livre daquela chaga que tanto o maltratou física e psicologicamente. Ele estava livre!

E hoje? Quantos leprosos figurados em alcoólatras, homossexuais, prostitutas, marginais, viciados, pessoas errantes, divorciados, adúlteros, entre outros, são tratados como imundos?

Quantas vezes torcemos o nariz a um mendigo fedendo a urina, e nós logo o despachamos porque a presença repugnante dele com aquele cheiro horrível nos perturbam? Quantas vezes nossas moedinhas, balançando em nossos bolsos, foram negadas a pedintes? Pedro e João nada tinham além do exemplo de Cristo, e dado foi o poder a eles para curarem um paralítico quando lhes pediu esmolas.

Quantas prostitutas se aproximam dos nossos carros, e logo subimos o vidro porque não queremos ter contato com aquele corpo possesso, nem mesmo queremos que a nossa “santidade” seja afetada com tanta transgressão em um corpo. Jesus, de modo oposto, libertou Maria Madalena de sete demônios e ganhou uma serva fiel.

Quantas vezes temos dados altas gargalhadas com os vídeos que recebemos pela internet, de homens cheios de cachaça e que são presos porque causavam a desordem na sociedade. Homens cheios da investida de Satanás. Certa vez Jesus chegando a fronteira da Galiléia, em rumo a terra dos gesarenos, vem em sua direção um homem nu, que muitas vezes fora aprisionado com cadeias e grilhões, e é liberto de uma legião.

Quantas vezes pensamos em apedrejar adúlteros, marginais e viciados como os escribas e fariseus tentaram quanto Jesus proclamou que “aquele que estiver dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra”?

Quantos homens e mulheres habilitados por Deus estão sentados nos bancos de nossas igrejas, porque os estatutos os excluem de abençoar outras pessoas com os dons que lhes foram dados pelo Espírito Santo?

Quantos aidéticos estão em estado final nos hospitais, tratados com rejeição porque a imundice do seu pecado se tornara evidente, e agora são objetos da dureza dos nossos corações. Alguns dizem que receberam o fruto de suas escolhas. É verdade. Lembrem-se, frutos das próprias escolhas.

Hoje, são estes acima que estão nas suas cidades de refúgio, sem poder estar no seio da família, nas rodas com os amigos, nos shoppings, e até mesmo em muitas igrejas. Hoje são eles, amanhã poderemos ser um deles.

Deus, sem espírito de rejeição, colocou Sua mão santa na lama e nos resgatou do mundo da perdição. Isso não fez com que Ele se tornasse um imundo, mas nos tornou limpos. Jesus disse que veio para que Nele tivéssemos vida, e vida em abundância. E assim, de criatura, nos tornamos filhos do Deus Vivo, fomos adotados, purificados pelo sangue, libertos do poder do pecado. Fomos tocados por Deus!

Apóstolo Paulo diz que de Deus não zombamos, porque aquilo que AQUI semearmos, também ceifaremos. “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” completa ele. E o que ceifarmos, serão os frutos das nossas próprias escolhas.

toque de amorJesus nunca se importou como as pessoas são, e sim como elas estão.

Leprosos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, marginais, viciados, pessoas errantes, divorciados, adúlteros, entre outros, podem sentir o toque de Deus através das nossas mãos.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Agrado recíproco

 

Desde 2006 tenho por algumas vezes provado da fidelidade e agrado em Deus. Poderiam ter sido mais vezes se eu fosse audacioso. 2006 foi para mim um divisor de águas. Muitas coisas aconteceram desde então. Novas oportunidades de trabalho, crescimento profissional e acadêmico, novos relacionamentos e, principalmente, a reconstrução da área mais desejada na minha vida, a família.

Nestes últimos momentos pude, algumas vezes, ter provado do que chamo de agrado recíproco. Este evento é a aplicação prática do Salmo 37:3-7, que diz:

3 Confia no SENHOR e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado.

4 Deleita-te também no SENHOR, e te concederá os desejos do teu coração.

5 Entrega o teu caminho ao SENHOR; confia nele, e ele o fará.

6 E ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia.

7 Descansa no SENHOR, e espera nele; não te indignes por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa astutos intentos.

No verso 3 somos convidados a confiar em Deus. Ou seja, de transferir nossa confiança em qualquer outra coisa para, exclusivamente, em Deus. Sabe quando não mais lugares onde ir, nem pessoas a procurar, nem mesmo forças para erguer nossa mão e fazer sinal de "estou aqui, socorro"? Infelizmente, são nesses momentos, que muitas pessoas lembram de Deus. Algumas vezes eu fiz assim, mas depois de algumas lições, aprendi a estabelecer prioridade a Deus. Sabendo, desta forma, que minha confiança deve estar firmada nele.

Gosto da figura que geralmente o baiano é tratado, aquela de estar deitado numa rede de forma bem descansada. Deleitar em Deus é isto, descansar. Não de forma preguiçosa porque as coisas não cairão do céu. Ao mesmo tempo em que lançamos nossa confiança em Deus com o objetivo de que Ele nos ajude a resolução de algo, ele quer que estejamos em ação. Mas deleitar é isto, descansar em Deus sabendo que Ele fará concederá aquilo que desejamos. Aqui está o ponto chave deste artigo. "e te concederá os desejos do teu coração". O agrado recíproco acontece quando você se agrade Deus buscando nEle a sua confiança e descansando na ação do Seu poder. Deus tem prazer em que alguém se agrade dEle, desta forma, por Sua vez, se agradando de cada que assim o faz. A consequência é Deus conceder aquilo que você tem Desejado. Mas, da nossa parte, o agrado a Deus tem que ser genuíno e não mesquinho, visando somente aquilo que queremos. Quando nos sujeitamos a confiar em Deus, estaamos, também, nos sujeitando a cumprir com seus mandamentos, a Sua vontade para nossas vidas.

O verso 5 é uma confrmação dos versos 3 e 4. Uma entrega a Deus da sua vida, da sua plena confiança de que Ele é suficiente. O conclue este verso dizendo que o feito vem pela confiança.

Quantas vezes nos sentimos injustiçados pela circunstâncias da vida? A confiança em Deus nos traz a esperança de que no tempo adequado, no momento certo, teremos nossa justiça. Você já foi acusado por desonestidade sem ter desviado 1 centavo? Seu caráter já foi colocado em prova? Sua palavra foi tida como duvidosa? Alguma coisa destas aconteceu quando você tinha plena convicção de que não fizera nada errado? É em momentos como estes que Deus prova a Sua justiça em nossas vidas. E nos faz sobressair como luz em meio a escuridão.

pai_e_filho Descansar e confiar são requisitos para um vida de paz e sucesso em Deus. Muitos conseguem chegar no topo sem Deus, mas o final é muito diferente. Se Deus não existisse, a física ensinaria. Se não há uma base bem estabelecida no construir de um edíficio, ele cai. Se a sua vida tem sido construída sem Deus a sustentando, você pode subir mais alto que o Everest, mas um dia cairá. E o tombo, como já diz o popular, "quanto mais alto, maior a queda".

Você quer saber se tudo isto que escrevi é verdade? Você tem duas escolhas: fazer da sua vida aquilo que você acha que é certo ou confiar, descansar e esperar em Deus.

 

Deus pode fazer muito por você, mas Ele espera que primeiro você confie nEle.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Não andeis ansiosos

ansiedadeQuando criança, eu antecipava minhas emoções em relação a alguns eventos e sentia que meu corpo reagia de modo estranho, nada demais, mas sentia algo diferente pelo meu estomago. Compartilhando com um primo ele me explicou que aquilo era ansiedade. Hoje já “macaco velho”, como costumo dizer, me sentir ansioso faz um estrago no meu cotidiano. A última vez que a ansiedade tomou conta de mim foi nas vésperas de eu viajar para Santos/SP, quando depois de 10 anos teria um bom tempo com meus familiares e reveria velhos amigos da infância, escola e trabalho. Eu passei cerca de quinze dias achando que estava com uma gastrite, não conseguia comer algo qualquer, e dormia pouco. Quando então cheguei na minha tão saudosa cidade, toda a ansiedade acabou. Prometi procurar controlar a ansiedade.

De outras formas a ansiedade pode ser uma perturbação em nossas vidas, seja em eventos como o que eu vivenciei, como em nosso cotidiano profissional ou familiar, nas preocupações com as finanças, na educação dos filhos, nas notas da universidade ou escola, no início do namoro ou casamento, na dúvida de que profissão seguir, se haverá de ser pai ou não, se alguns contratos serão fechados, se daqui a dez estarei morando no lugar dos meus sonhos, se amanhã vai chover ou fazer sol, enfim, uma série de situações que podem nos fazer andar ansiosos.

Apóstolo Paulo, ao escrever aos Filipenses, 4:6, disse “Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças”. Gostaria de divir este versículo em três partes:

1. Não andeis ansiosos por coisa alguma

Aqui, Paulo não está especificando uma situação. De acordo com os exemplos que citei, coisas do citidiano, de pessoas diferentes, de coisas bobas, é costumeiro querer antecipar resultados, sofrendo sem necessidade, trazendo consequências físicas e emocionais para si. O propósito para esta exortação de Paulo é para que tenhamos paz para conosco. Lembra da minha viagem a Santos? Não seria melhor se eu tivesse mantido a calmaria? Com certeza.

2. Antes de tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus

Antes de sofrer, de querer romper a limitação humana, o que na verdade não acontecerá, faça conhecida a sua situação diante de Deus, que na Sua santa sabedoria nos guiará em paz para que no tempo certo, e já determinado por Ele, possamos ter aquilo que tanto esperamos, se para o nosso bem. Isto é dependência. Já dissera o próprio Senhor Jesus que se buscar nós acharemos e, se, pedir nós encontraremos.

3. Pela oração e súplica com ações de graça

Oração e súplica podem ser interpretadas como uma mesma atitude, ou seja, a de se dirigir a Deus, compartilhando as necessidades ou desejos no sentido de que recorrer a Deus é buscar a Sua paz para viver sem ansiedade. Paulo encerra este versículo com as palavras “ações de graça”. Independente do resultado que se obtenha, nossos corações devem estar cheios de gratidão, pois quando agindo desta forma estamos envolvidos da paz e do amor de Deus.

O apóstolo Paulo tinha profundo conhecimento e autoridade nas palavras que expressa em Filipenses 4:6, pois este escrito faz parte de uma coleção que fora registrada quando em se encontrava aprisionado por propagar o Evangelho de Cristo. Poderia ele estar ansioso em querer sair dali, desejando estar com seus amigos e irmãos em Cristo, mas ele apenas esperou o dia da oraçãosua sentença e libertação, sem ansiedade por coisa alguma.

Quando a parede da limitação chegar a sua frente, não a esmurre. Ajoelhe-se e ore com ações de graça ao nosso Pai Celeste.