sábado, 19 de janeiro de 2008

Um toque de amor

Conta Mateus, em seu livro no capítulo 8, que um homem leproso se aproxima de Cristo e O adora. Em seguida a sua adoração clama que se Jesus quisesse poderia curá-lo. E Jesus quis! Mas o mais fascinante de toda a história não está na cura, e sim na atitude tanto de Cristo quanto do leproso.

Como todos sabemos que assim como alguns grupos da sociedade, entre eles as mulheres, os leprosos também eram desprezados pelos judeus. Talvez este num grau com seqüelas muito maiores do que a dos outros. Havia no território israelense seis cidades especiais, as quais eram chamadas cidades de refúgio. Estas cidades eram sitiadas por aquelas pessoas incapazes de viver na sociedade, dentre eles os leprosos. Eles estavam separados dos demais judeus. Totalmente separados, uns por algum tempo, mas outros por toda a vida. Você pode imaginar isto? Imaginar até pode ser possível, mas viver isto, você pode?

Vinha Jesus de mais um dos seus sermões, exatamente daquele declarado Sermão do Monte, onde Mateus usa três capítulos para expor as palavras do Mestre, quando ao seu encontro vem um homem. Não um homem qualquer, mas um desfigurado socialmente. Um repugnante, um asqueroso, um fedorento maltrapilho, um nojento, ou como gritavam os judeus, um imundo. A sua expressão deveria ser totalmente horrível, indigna de continuar vivendo. Porque além daquela maldita hanseníase perturbar aquele corpo, deveria incomodar muita gente. Por onde passava causava horror, certamente. E por isso o leproso deveria viver numa cidade de refúgio.

Este homem se achega a Jesus em atitude de disposição, de humilhação, reconhecendo a sua posição. Após adorá-lo, ele diz: Senhor, se quiseres, podes purificar-me. Ele sabia com quem estava falando, e o reconheceu como Senhor, e não como um judeu qualquer. Não bastava mais nada além de declarar que Jesus era o Senhor, pois a sua atitude inicial demonstrou este reconhecimento, porque ele O adorou. Mas ele prossegue clamando que se Cristo quisesse, ele poderia ficar curado. Assim como Davi, quando reconhecendo o seu pecado ao cobiçar Bate-Seba, pediu ao Senhor para que o purificasse (Sl 51:7), “purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me e ficarei mais alvo que a neve”, o leproso também desejou ser purificado.

E Jesus não somente quis, como também o tocou. E isto, certamente, fez grande diferença na vida daquele, que para nosso Senhor era um homem como qualquer outro judeu. O homem não somente recebeu de Jesus o milagre da cura, como também o dom do amor. Foi através do toque de Deus, através de Cristo, que aquele homem ficou curado de sua doença. Aquele que outrora era um imundo, agora estava limpo. E poderia voltar a uma vida socialmente aceitável perante toda a nação.

Esta é só mais uma demonstração do que a nós representa o ministério de Jesus nos dias atuais. Certamente, aquele homem não estava enfermo somente em sua carne, mas em seu espírito. Ele era descriminado pela sociedade, e até mesmo impedido de estar no seio de sua família. Imaginemos que este homem sendo casado, não poderia abraçar a sua esposa. Sentir o seu calor nas noites frias, nem mesmo o acalanto nos momentos de dor. Nem mesmo poder abraçar sua filha para pronunciar o amor de pai. Nem mesmo se achegar perto do seu pai para pedir conselhos, nem mesmo tomar aquela tão deliciosa sopa de lentilhas que sua mãe preparava. Mais do que um leproso, ele fora um descriminado por homens iguais a ele. Diante de Deus todos eram iguais. Diante dos homens, ele era um leproso. E por isso ele era tratado como escória na sociedade, e a cidade de refúgio era o seu único lugar. Nem mesmo sua esposa e filha podiam chegar perto dele, pois estariam sujeitas a adquirir a maldita doença.

Mas um dia, em Cristo, aquele leproso rejeitado teve a esperança de estar em meio aos seus entes familiares, nas rodas de amigos, andando livremente pelas praças e ir ao templo oferecer ofertas ao Senhor. Ele, através do toque de Deus, estava curado, livre daquela chaga que tanto o maltratou física e psicologicamente. Ele estava livre!

E hoje? Quantos leprosos figurados em alcoólatras, homossexuais, prostitutas, marginais, viciados, pessoas errantes, divorciados, adúlteros, entre outros, são tratados como imundos?

Quantas vezes torcemos o nariz a um mendigo fedendo a urina, e nós logo o despachamos porque a presença repugnante dele com aquele cheiro horrível nos perturbam? Quantas vezes nossas moedinhas, balançando em nossos bolsos, foram negadas a pedintes? Pedro e João nada tinham além do exemplo de Cristo, e dado foi o poder a eles para curarem um paralítico quando lhes pediu esmolas.

Quantas prostitutas se aproximam dos nossos carros, e logo subimos o vidro porque não queremos ter contato com aquele corpo possesso, nem mesmo queremos que a nossa “santidade” seja afetada com tanta transgressão em um corpo. Jesus, de modo oposto, libertou Maria Madalena de sete demônios e ganhou uma serva fiel.

Quantas vezes temos dados altas gargalhadas com os vídeos que recebemos pela internet, de homens cheios de cachaça e que são presos porque causavam a desordem na sociedade. Homens cheios da investida de Satanás. Certa vez Jesus chegando a fronteira da Galiléia, em rumo a terra dos gesarenos, vem em sua direção um homem nu, que muitas vezes fora aprisionado com cadeias e grilhões, e é liberto de uma legião.

Quantas vezes pensamos em apedrejar adúlteros, marginais e viciados como os escribas e fariseus tentaram quanto Jesus proclamou que “aquele que estiver dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra”?

Quantos homens e mulheres habilitados por Deus estão sentados nos bancos de nossas igrejas, porque os estatutos os excluem de abençoar outras pessoas com os dons que lhes foram dados pelo Espírito Santo?

Quantos aidéticos estão em estado final nos hospitais, tratados com rejeição porque a imundice do seu pecado se tornara evidente, e agora são objetos da dureza dos nossos corações. Alguns dizem que receberam o fruto de suas escolhas. É verdade. Lembrem-se, frutos das próprias escolhas.

Hoje, são estes acima que estão nas suas cidades de refúgio, sem poder estar no seio da família, nas rodas com os amigos, nos shoppings, e até mesmo em muitas igrejas. Hoje são eles, amanhã poderemos ser um deles.

Deus, sem espírito de rejeição, colocou Sua mão santa na lama e nos resgatou do mundo da perdição. Isso não fez com que Ele se tornasse um imundo, mas nos tornou limpos. Jesus disse que veio para que Nele tivéssemos vida, e vida em abundância. E assim, de criatura, nos tornamos filhos do Deus Vivo, fomos adotados, purificados pelo sangue, libertos do poder do pecado. Fomos tocados por Deus!

Apóstolo Paulo diz que de Deus não zombamos, porque aquilo que AQUI semearmos, também ceifaremos. “E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos” completa ele. E o que ceifarmos, serão os frutos das nossas próprias escolhas.

toque de amorJesus nunca se importou como as pessoas são, e sim como elas estão.

Leprosos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, marginais, viciados, pessoas errantes, divorciados, adúlteros, entre outros, podem sentir o toque de Deus através das nossas mãos.

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