domingo, 24 de fevereiro de 2008

A decepção da Cruz

LUG026 Durante a leitura dos evangelhos, quando do chamado dos doze discípulos, tentei me reportar para este tempo. Imaginei-me observando Jesus chamando cada homem que faria parte do seu ministério. Jesus caminhava à beira-mar da Galiléia e vendo Pedro e André os chama para serem "pescadores de homens".  Mais adiante viu outros dois homens chamados Tiago e João e estes ao serem convocados, deixaram imediatamente suas vocações para estar ao lado de Jesus. As Suas palavras revelam poder, "O tempo é chegado", "O Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e creiam nas boas novas!" (Mateus 4:18-22; Marcos 1:14-20).

Logo, avançando as páginas da Bíblia, podemos ler que Jesus terminara de escolher os outros apóstolos como lhe aprouve (Marcos 3:13-18; Lucas 6:12-16). Antes desta decisão Jesus havia dispensado o seu tempo em oração.

Era notório o rebuliço que Jesus de Nazaré fazia na sociedade judaica no início de suas atividades como o Anjo da Aliança (Malaquias 3:1). Muitos seguiam o Mestre porque era homem sábio, cheio de autoridade e poder. Israel estava maltratada. Tal nação estava sob o governo romano e não tinha a liberdade plena em governar o seu povo com em tempos anteriores. Israel tinha somente a sua liderança religiosa. Cuja estava corrompida pelo legalismo e moralismo, cheia de autoritarismo e carente de amor. Por essa razão Jesus ganhou crédito entre as pessoas, pois Ele falava com amor, embora alguns momentos podemos observar que Ele era duro com alguns, principalmente com doutores da Lei. Jesus levava alívio aos oprimidos pela legalidade, tanto de judeus como de romanos. Acredito que Israel via em Jesus a esperança de libertação do fardo romano. Jesus se tornará "pop".

Os dias e meses foram passando e cada vez mais Jesus ganhava carisma pela população e ódio por parte dos religiosos. Questionamentos como "com que autoridade estás fazendo estas coisas?" ou pensamentos de que Ele ficara louco contrastavam com afirmações como "Tu és o Cristo". Enquanto alguns rangiam os dentes de ódio quando Jesus declarava ser EU SOU, outros se entregavam aos pés dEle após a cura ou libertação de demônios. Jesus compreendia perfeitamente onde tudo chegaria.

Três anos se passaram e grande multidão seguia o mestre para louvá-lo, enquanto que os mestres da lei e os chefes dos sacerdotes procuravam matá-lo. Jesus algumas vezes esteve perto de ser preso, mas ainda não havia chegada a sua hora.

Certa vez, falando sobre o sinal do fim dos tempos (Marcos 13:1-36), Pedro, Tiago, João e André questionam Jesus sobre quando tais coisas aconteceriam. E transpondo-me novamente para aquele momento em que Cristo estava sentado  no Monte das Oliveiras, de frente para o templo, posso ver a expectativa dos quatro com os olhos arregalados esperando uma resposta como "em breve atacaremos. Só precisamos treinar os nossos seguidores". Creio eu ter sido esta a expectativa de muitos que o seguiam, de ver em Jesus de Nazaré o libertador de Israel. Mas Jesus respondeu que o dia e a hora eram desconhecidos.

Chegara o tempo. Não da libertação da nação, mas da Cruz de Cristo. Jesus ceia com os apóstolos, dá as intruções do que Lhe acontecerá, mas os seus corações estão fixados na figura de um Cristo que ainda não se cumpria. Ele viera para "buscar e salvar" a espiritualidade das nações e não livrar Israel do governo romano. Quantas vezes aqueles homens escolhidos pelo Messias discutiam quem seria prioridade no governo de Jesus? Talvez Pedro quisesse ser o general do exército israelense ao desembanhar a espada e cortar a orelha do soldado romano quando na prisão de Cristo. Onde estavam todos quando Jesus estava sendo açoitado? Podemos ler a passagem que fala de Pedro negando a Jesus, mas não vemos mais detalhes sobre ele mesmo nem os demais.

Jesus está na cruz pregado entre dois ladrões. Durante o tempo que ficou crucificado Jesus fora zombado. "Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós?" (Lucas 23:39). Ali ao O obervarem estavam alguns familiares e amigos. Mas onde estavam aqueles que "diziam" morrer com ele? A esperança de libertação da nação estava pregada numa cruz. Que decepção! Não a de Jesus, mas as do que pensavam desta forma, de Jesus o Restaurador, e não o viam como Jesus o Redentor. Poucos puderam ter naquele instante um olhar além da cruz. "Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença?" disse um dos ladrões. Penso que seria notável nos olhos dos apóstolos um olhar de frustação. "Poxa vida, passamos todo este tempo e nada".

E voltaram às suas atividades que exerciam antes de serem escolhidos pelo Mestre até que este, ressuscitado, fora de encontro aos "decepcionados" (João 21:1-25) e partilha do pão com os que estavam à beira do mar de Tiberíades.

Em suas instruções, antes de sua ascensão, Jesus pronuncia que todos deveriam permanecer em Jerusálem até que fossem batizados pelo Espírito Santo. E ainda, com o olhar no Messias Restaurador, os que ali estavam perguntam se seria neste tempo que o reino seria restaurado. E Jesus responde: não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. Havia ainda uma preocupação sobre tal assunto, mas os pensamentos mudariam em breve como se pode ver na continuidade da leitura de Atos dos Apóstolos.

E hoje, que Jesus você procura? Aquele capaz de transformar a sua vida numa nova do ponto de vista espiritual? Ou um Jesus Pop Star cantado nas canções nada espirituais e pregado nas pregações motivacionais? Um Jesus que quer te dar uma vida financeira abundante ou o Jesus que tem uma vida espiritual em abundância? É preciso olhar além da Cruz para entender o verdadeiro propósito de ser cristão.

A decepção da cruz para uns é esperança de nova vida para outros.

 

domingo, 17 de fevereiro de 2008

O que fazer na angústia?

Alguns dias atrás vivi momentos em que me deparei com a angústia querendo tomar meu coração. São situações que estão distantes do meu poder de dicisão. São dúvidas, fraquezas e sonhos ainda não realizados. Até mesmo projetos em desenvolvimento, e alguns que ainda estão no mundo das idéias da minha mente. E, ainda, preocupação com entes familiares e amigos. Nestes dias, olhei para o alto e perguntei a Deus o que fazer na angústia?

Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, bem como o de João, contam diversos momentos em que Jesus viveu angustiado. Fora com a situação espiritual de Israel, fora com os doentes de alma e os de corpo. Mas nenhum momento fora tão angustiante quanto os minutos antes de sua prisão em caminho à Cruz do Calvário.

Mateus, Marcos e Lucas contam praticamente a mesma história. De pontos de vistas diferentes, mas o contexto da mesma forma, praticamente com as mesmas palavras. O Evangelho de João não conta um relato igual aos outros, mas em lugar disto ele nos descreve a tão conhecida Oração Sacerdotal de Jesus.

Nos três primeiros Evangelhos podemos perceber a angustiante oração de Cristo. Vejamos em Lucas, capítulo 22:

40 ... disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação.

41 E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava,

42 dizendo: Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.

43 Então lhe apareceu um anjo do céu, que o confortava.

44 E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão.

45 Depois, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos, e achou-os dormindo de tristeza;

46 e disse-lhes: Por que estais dormindo? Lenvantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação.

O contexto desta passagem mostram que momentos antes Jesus havia partilhado do pão e vinho com os doze. Momento este onde Ele revelará o que aconteceria: a morte na Cruz.

Em sua oração Jesus faz um apelo ao Pai Celeste: Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. É reveladora a agonia sofrida neste instante. Ao mesmo tempo em que Ele desejava não passar pela morte, Cristo sabia que esta se fazia necessária para o cumprimento das profecias e, muito mais, pela vontade de Seu Pai. Embora a angústia da morte certa, Jesus não estava só. Um anjo aprecera para lhe dar conforto. Providencia do Pai. Dentre todas as nossas angústias, tenho certeza de que não viveremos momentos como este que Cristo viveu. E se vivermos, assim como Cristo seremos confortados e aprovados se dentro da vontade de Deus.

O que fazer na angústia foi respondido por Cristo. Oração. Não existe melhor meio do que nos apresentarmos diante de Deus e pedir que nos afaste o cálice, mas que todavia que se faça a vontade Dele em nossas vidas. A direrença entre Cristo e nós, é que Ele sabia exatamente o que lhe aconteceria no dia seguinte da Sua prisão, enquanto não sabemos o que vai acontecer daqui a um minuto. Mas, o que sabemos é que há conforto de Deus para nossos dias atribulados. Assim como Cristo advertiu seus discípulos, seja esta advertência para nossas vidas. Que seja constantes na oração e meditação da Palavra para que não caíamos na fraqueza da carne, mas que ajamos pela fortaleza do nosso espírto em Deus.

No Evangelho de João, capítulo 17, Cristo consagra os seus seguidores e todos aqueles que ainda creriam no Seu nome. O passar o cálice nas orações descritas nos outros Evangelhos é descrito aqui como a glorificação do Filho de Deus. A oração de Cristo neste Evangelho revela uma intimidade de um relacionamento profundo entre Ele e Deus, desejando o mesmo para cada um de nós. E assim orou Jesus:

24 Pai, desejo que onde eu estou, estejam comigo também aqueles que me tens dado, para verem a minha glória, a qual me deste; pois que me amaste antes da fundação do mundo.

25 Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheço; conheceram que tu me enviaste;

26 e eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer ainda; para que haja neles aquele amor com que me amaste, e também eu neles esteja.

A angústia pode nos fazer sofrer, mas o amor de Deus nos transpõe qualquer sofrimento. Mesmo o da cruz.

 

Veja abaixo um vídeo de Sérgio Lopes com duas canções maravilhosas e inspiradoras, "O Amigo" e "Sonhos".

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Onde adorar?

 

muro das lamentações

A foto ao lado mostra o muro das "lamentações", localizado em Jerusalém, Israel. Esta parte do muro é o que restou do segundo templo, cujo é apontado em João 4:20, quando do diálogo de Jesus com uma mulher samaritana, esta falava que, segundo os judeus, Jerusalém era o verdadeiro lugar da adoração.

Ainda hoje, milhares de judeus se reúnem neste lugar para elevarem suas adorações e petições a Deus.  Israel hoje está totalmente desconfigurada em comparação com o tempo de Jesus, não somente pelos cerca de 2000 anos passados, mas pela sobra do que antes era um esplendor da engenharia humana, o templo em Jerusalém.

No diálogo Jesus ensina à mulher samaritana que nem Jerusalém, nem Samaria eram os lugares para se adorar a Deus. Nosso Senhor queria dizer que Deus não se limitava àquelas paredes do templo, nem aos sacrifícios ali prestados. Deus queria muito mais que isso, tanto de judeus, como de samaritanos. Deus estava procurando verdadeiros adoradores, que O adorassem em espírito e em verdade.

Neste instante precisamos ter mente o que significa: adoração em espírito e em verdade.

Adoração significa gratidão. Adorar a Deus é ser grato por todas as coisas. Diferente de louvor, que é cantar a Deus cânticos que o exaltem. A gratidão está inserida no louvor, como expressão de demonstrar um coração grato pelos Seus feitos. Já houve algum momento em que você agiu para com Deus de modo que você sentiu seu coração cheio de gratidão? Deus gosta de ver qualquer criatura voltar para Ele com gratidão, gratidão em espírito e em verdade.

Espírito está contrastando com forma material. No verso 24 de João 4, Jesus diz que a adoração deve ser em espírito porque Deus é espírito. Isto me leva para o primeiro mandamento dos dez (Êxodo 20:3), quando Deus diz não "terás outros deuses diante de mim". Aqui Deus expressa que o homem não deve ter nenhuma adoração a outro ser diante dos Seus olhos. Ele não reparte a Sua adoração. Por isso, quando Jesus disse ser a adoração em espírito, ele quis dizer que deve ser do nosso íntimo, independente de qualquer forma material, pela fé exclusiva em Deus. Você quer repartir o seu mérito de algum feito com alguém que não te ajudou em algo? Seja a Deus a glória e o louvor. Seja a Deus a nossa gratidão em espírito e em verdade.

Verdade contrasta a falsidade. Quando eu estou errado, e não consigo reconhecer meu erro, me sentindo irado por dentro, eu não consigo orar a Deus, nem mesmo elevar louvor e adoração, pois geralmente o meu eu quer fazer aquilo que não O agrada. Se tem algo errado na minha vida, eu sou advertido por esta Palavra em João 4:24 que não devo me apresentar como adorador, porque se alguma coisa está errada, logicamente não estou vivendo com veracidade. Deus quer um coração com gratidão genuína. Ele não quer adoração de lábios falsos, Ele quer ver subir um perfume agradável através dos nossos feitos, Ele quer se regozijar com nossos feitos. A Sua busca tem sido por pessoas gratas em espírito e em verdade, não somente em espírito, não somente pela razão, mas por ambas as coisas, porque Deus é reconhecido e valorizado na justiça.

Aonde adorar? Nem em Jerusalém, nem em Samaria, nem no Brasil, outro qualquer ou lugar. Onde o verdadeiro adorador estiver, ali Deus deverá ser adorado. Eis o tempo de adoração.

A verdadeira gratidão está nos corações que vivem em comunhão com Deus através do Santo Espírito.

 

  Leia João 4 clicando aqui.